maíra mafra
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thoughts on finite matter / considerações sobre a matéria finita
2023 (comissioned artwork 25-piece series for The Largo concept hotel)
pine resin, iron wire, repurposed wood 15 x 7,5 x 4 cm approx. each one-of-a-kind piece
resina de pinheiro, arame de ferro, madeira reutilizada 15 x 7,5 x 4 cm aprox., cada peça única
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I developed 25 small pieces of fabulation-architecture.
I wish I could be small enough to wander through their spaces, to place myself under their shadows. The work represents a gathering of living materials. The chipped wood from the ceiling panels attains an organic quality closer to the tree it once were 500 years ago. The pine resin does not come from the same tree, but by coming from another one, it connects both in this new construction.
The pieces are made out of elemental materials and are very lightweight. Their finite longevity will depend on the care given by their owners and the environmental conditions in which they will live in their new homes. In some way, the pieces call upon us to reflect about the finitude of life, which in turn permeates everything, including constructions. A reality that is not bad, it is just the way it is.
Everything is in transformation, always.
[PT]
Desenvolvi 25 pequenas arquitecturas fabulativas.
Peças as quais gostava de ser eu pequena para deambular por entre seus espaços, colocar-me à sua sombra. Também se tratam de uma espécie de reencontro entre matérias vivas: a madeira, que, enquanto lasca, passa a ter uma organicidade mais próxima da árvore que já foi um dia há 500 anos, e a resina de pinheiro, que não veio da mesma árvore, mas veio de outra, conectando ambas nesta nova construção.
As peças são feitas a partir de materiais elementares e têm um peso muito leve. Mesmo assim, a delicadeza é maior que a do Cristal. A sua longevidade, finita, dependerá do cuidado a que se lhe darão os donos, e das condições ambientais em que a peça viverá em seu novo lar. De alguma maneira, nos convocam a refletir sobre a finitude da vida, que por sua vez permeia tudo, inclusive as construções: o que não é ruim, apenas é. Tudo está em transformação, sempre.
A convite do The Largo, desenvolvi a série de pequenas peças utilizando lascas dos antigos caixotões de tecto do edifício que é sede do projecto (provavelmente datados dos 1500), arame de ferro e resina de pinheiro.
as peças, muito leves e delicadas, mantêm-se de pé por conta de algumas tensões: o arame é encaixado por meio de dois furos na lasca de madeira esculpida, e é a partir das suas curvas que cria a tensão necessária para se manter fixo. O estado sólido da resina também é em si, tenso, e tão inflexível que torna-se extremamente quebradiço, e por isto gera também alguma tensão para o manuseio.
a finitude manifesta pela fragilidade da resina faz-me pensar no anseio por uma imortalidade dos corpos e das coisas. na arquitectura, discute-se uma visão que até recentemente pensava um edifício até a finalização da sua construção, como se a partir dali fosse apenas a decadência e a morte ou então como se existisse uma redoma que a tornasse impenetrável ao inevitável: a sua apropriação pela humidade e pelo bichos - humanos ou não humanos: negligentes ou pragas.
a verdade, porém, é que a transformação é inevitável, para além de boa ou ruim. simplesmente é.
talvez eu nunca chegue a saber o quanto terá durado cada uma destas peças - e pode ser que muitas desafiem a expectativa de longevidade que lhes acompanha. mas é na sua ameaça de partir que lembrará sempre da finitude da matéria a quem lhe deu abrigo.
I developed the series using chips from the old ceiling beams of the building that houses the project (probably dating back to the 1500s), iron wire, and pine resin.
The pieces, very light and delicate, stand upright due to some tensions: the wire is inserted through two holes in the carved wood chip, and it is from its curves that it creates the necessary tension to remain fixed. The solid state of the resin itself is tense and so inflexible that it becomes extremely brittle, thus also generating some tension for handling.
The finitude manifested by the fragility of the resin makes me think of the yearning for an immortality of bodies and things. In architecture, there is a discussion of a view that until recently conceived of a building until the completion of its construction, as if from there it were only decay and death, or as if there existed a dome that made it impenetrable to the inevitable: its appropriation by humidity and animals - human or non-human: negligent or pests.
The truth, however, is that transformation is inevitable, beyond being good or bad. It simply is.
Perhaps I will never know how long each of these pieces will last - and many may defy the expected longevity that accompanies them. But it is in their threat of breaking that they will always remind us of the finitude of the matter that sheltered them.